20/05/2024 às 11h05min - Atualizada em 20/05/2024 às 16h22min

Os impactos da Reforma Tributária nas Clínicas Médicas: Desafios e estratégias na nova regra fiscal

Na esteira da simplificação, a Reforma Tributária desafia o poder estratégico de clínicas médias, em prol de medidas que fomentem a conformidade e mitiguem o aumento na carga tributária

STEPHANIE FERREIRA
Divulgação

Por Edson Alves* 

 

A Reforma Tributária brasileira, consolidada pela Emenda Constitucional nº 132 e pelas leis complementares subsequentes, representa uma reestruturação abrangente do sistema tributário nacional, com implicações diretas para o setor de saúde, especialmente para as clínicas médicas.  

 

A implementação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) em 2026 e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) em 2029, com um período de transição até 2032, promete transformar o ambiente fiscal em que estas entidades operam. Este artigo discute o andamento atual da reforma, analisa os impactos desses novos tributos e oferece estratégias para minimizar seus efeitos adversos. 

 

O propósito da simplificação e os desafios da transição 

A Reforma Tributária visa simplificar o sistema tributário através da substituição de tributos como PIS/Pasep, Cofins e ISS, pelos novos IBS e CBS. A CBS, que substituirá o PIS/Pasep e a Cofins, e o IBS, que substituirá o ISS, são projetados para serem não cumulativos, permitindo que os créditos sejam compensados com débitos de operações subsequentes. Tal característica foi criada para manter a neutralidade fiscal, evitando distorções econômicas causadas pelo sistema tributário. 

 

Para as clínicas médicas, a transição para o IBS e a CBS é particularmente significativa. Embora a reforma inclua uma redução de 30% na base de cálculo para os serviços de saúde, aplicável tanto ao IBS quanto à CBS, existem preocupações substanciais, especialmente para as empresas que, anteriormente, se beneficiavam de alíquotas fixas de ISS ou para quem recolhe sobre uma alíquota de até 3% sobre o seu faturamento.  

 

Com a unificação dos tributos, essas clínicas podem enfrentar um aumento efetivo da carga tributária, um cenário que requer atenção e planejamento cuidadoso. 

 

O que as clínicas médicas podem fazer? 

O conhecimento profundo do projeto de reforma e de suas leis complementares é essencial para as clínicas médicas. Entender completamente as nuances dos novos tributos e como eles se aplicam especificamente ao setor de saúde permitirá que essas entidades se ajustem de maneira mais eficaz às novas exigências fiscais. A comunicação constante com contadores e consultores tributários se faz importante e necessária, pois esses profissionais podem fornecer insights valiosos e estratégias de mitigação baseadas nas características individuais de cada clínica. 

 

Além disso, é importante que as clínicas médicas revisem seus contratos com fornecedores e prestadores de serviços. Sob o novo sistema, os créditos de IBS e CBS só podem ser acumulados em transações entre pessoas jurídicas, o que significa que as clínicas devem garantir que suas operações comerciais sejam estruturadas de forma a maximizar a recuperação de créditos tributários. Esta revisão pode envolver a renegociação de contratos ou a reavaliação de parcerias comerciais para assegurar a conformidade com os novos requisitos fiscais e a otimização fiscal. 

 

É importante notar que as mudanças trazidas pela Reforma Tributária não devem afetar diretamente o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), nem a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), pelo menos no momento atual. Estes tributos estão previstos para serem discutidos e possivelmente ajustados em legislações futuras, o que significa que as clínicas médicas precisam estar preparadas para futuras reformas nesses aspectos também. 

 

O momento é de reavaliação 

Em conclusão, enquanto a Reforma Tributária oferece uma promessa de simplificação e eficiência, ela também apresenta desafios significativos, especialmente para as clínicas médicas que se beneficiavam de regimes tributários mais favoráveis sob o antigo sistema.  

 

O aumento potencial da carga tributária, juntamente com a necessidade de ajustar práticas comerciais e fiscais, cria um cenário em que o planejamento estratégico e a consultoria especializada se tornam mais importantes do que nunca. As clínicas médicas devem se engajar ativamente na compreensão das mudanças, na revisão de suas operações e na comunicação. 

*Edson Alves é Head de Planejamento Estratégico e Consultoria no FNCA


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STEPHANIE FERREIRA
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