A velocidade das transformações digitais globais afetou todas as atividades econômicas e o cotidiano de diferentes carreiras. Em pouco tempo, os profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI) ganharam destaque e são os mais demandados nos segmentos industriais, empresariais e, ainda, nas instituições públicas.
De acordo com o relatório mais recente da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais), a projeção de investimentos das organizações até 2026, foi destacada nas seguintes áreas: softwares (51%), hardwares (22%), serviços (20,9%) e telecom (5,9%).
Com essas informações, entende-se que o mercado continuará a demandar profissionais especializados, contudo, o déficit ainda é alto no cenário nacional. Outro dado apresentado pela associação é a preocupação do setor com a formação de novos talentos. A projeção para 2025 é contar com 8,9 mil novos profissionais, entretanto, somando a demanda de todos os setores econômicos será preciso contratar 541 mil especialistas.
O coordenador dos cursos de pós-graduação Lato Sensu na área de TI, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Dirceu Matheus Júnior, confirma o interesse de profissionais de outras áreas pela tecnologia da informação, mas faz algumas ressalvas. “É natural buscar uma carreira com crescimento contínuo ou plano de ascensão na organização. No entanto, observo muitas pessoas optando por cursos rápidos, acreditando que são suficientes para adentrar no mercado”, esclarece o educador.
Dirceu acrescenta que cursos de extensão e certificação são importantes, mas não são suficientes, pois não proporcionam uma educação continuada ao aluno. “Na minha experiência de mercado e como professor, defendo a “life long learning”, principalmente na área de TI, que necessita de atualizações constantes”.
O que é preciso saber sobre a carreira em TI?
Inicialmente é preciso destacar que todas as profissões têm suas particularidades técnicas (hard skills) e comportamentais (soft skills). Portanto, quem acha que o trabalho de um especialista em TI é solitário e introspectivo, como foi estigmatizado em mídias de entretenimento, pode mudar esse pensamento.
O professor da Universidade Mackenzie destaca que um profissional de TI precisa, inicialmente, gostar muito de estudar e ler, pois precisará acompanhar as atualizações tecnológicas, que são muito rápidas. “Sobre as habilidades comportamentais, as empresas esperam que o colaborador tenha as seguintes características: resiliência, boa comunicação, organização, facilidade de trabalho em equipe, sentimento de pertencimento e equilíbrio emocional”, pontua.
Além disso, uma pesquisa divulgada pela consultoria Deloitte (Pesquisa Global de Liderança em Tecnologia) reforça as habilidades das lideranças do setor, entre as quais estão: ser o responsável pela eficiência e segurança da infraestrutura de TI (Arquitetura da Informação), buscar inovação constante, gerenciar e analisar as informações, de modo que impulsionem o crescimento dos negócios.
Outro ponto muito observado pelos recrutadores é a capacidade analítica do colaborador, ou seja, qual a avaliação dele sobre uma situação complexa e a proatividade em buscar soluções para resolver o problema.
“Como destaquei no início, é fundamental a atualização constante dos conhecimentos, por isso, se houver necessidade de resolver uma situação de inconsistência no funcionamento do sistema ou no processo, o profissional que souber resolver a questão ganhará pontos com a chefia”, reforça Dirceu.
Complementando os principais conhecimentos, é preciso dominar um segundo idioma, que é o inglês. “A língua inglesa está presente nos programas, sistemas e no atendimento aos clientes de grandes empresas. Portanto, é preciso investir em cursos e ter o domínio da leitura, escrita e conversação”, acrescenta o especialista.
Como esclarecer colaboradores resistentes à tecnologia?
A resistência de muitos profissionais ao uso de soluções tecnológicas é resultado da relutância em demonstrar desconhecimento sobre o assunto ou a forma como o tema foi apresentado. Com estímulo e treinamento, trabalhadores de diferentes faixas etárias podem se adaptar e conquistar uma infinidade de recursos que auxiliarão nas tarefas diárias.
Porém, para os indivíduos que mantêm uma postura de oposição, o professor aconselha: “se um profissional resistir em aprender e se aperfeiçoar, ficará estagnado e, dificilmente terá uma promoção ou novas oportunidades. Portanto, estudar é um investimento importante e um diferencial para recolocação no mercado”, argumenta.
Uma observação relevante feita pelo educador diz respeito à Inteligência Artificial - IA, tecnologia que abalou a sociedade, pela quantidade de recursos não imaginados até pouco tempo. As funcionalidades dividiram opiniões, e o pior, muitos foram convencidos por informações do senso comum.
“A IA causa uma imagem de aparente facilidade até para profissionais do setor, mas é preciso deixar claro que deve ser usada como facilitadora para ações benéficas na sociedade. Os recursos são diversos e proporcionam ganho de tempo em diversas atividades profissionais”, conclui.
*Dirceu Matheus Junior, é professor e Coordenador de Especialização Lato Sensu da Faculdade de Computação e Informática do Mackenzie. É professor do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada, do Mackenzie.
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