10/05/2024 às 11h33min - Atualizada em 10/05/2024 às 11h45min

Maternidade moderna: entre a culpa e a busca por equilíbrio

HEVER COSTA LIMA
Hever Costa Lima
Por Silvia Rezende 

A maternidade é uma jornada de amor, mas também pode ser um campo minado de culpa, ansiedade e medo. Muitas mães se sentem sobrecarregadas pelas expectativas e pressões sociais, lutando para equilibrar as demandas de ser uma mãe “perfeita”.
  
A maternidade ainda é frequentemente idealizada como um período de plenitude e alegria, mas a realidade pode ser bem diferente. Muitas mães se veem confrontadas com o sentimento de culpa e a constante cobrança interna e externa para desempenhar seu papel de forma impecável. O medo de não ser suficiente como mãe, de não conseguir atender a todas as necessidades dos filhos, é uma sombra que acompanha muitas mulheres no seu dia a dia.
 
A rotina conturbada e as inúmeras multitarefas exigidas das mães modernas muitas vezes provocam uma falta de tempo para se dedicar ao papel materno com a tranquilidade desejada. Entre trabalho, casa e cuidados com os filhos, sobra pouco espaço para respirar e refletir. Essa pressão constante pode gerar ansiedade e um sentimento de impostora, onde a mãe sente que está falhando em uma função que deveria ser instintiva e natural. 

É importante lembrar que não existe uma mãe perfeita. Todas as mães cometem erros e todas as mães se sentem sobrecarregadas às vezes. O mais importante é que cada mãe faz o melhor que pode com os recursos que tem. E isso é mais do que suficiente. 

Nesse contexto, a psicologia se apresenta como um recurso valioso. O acompanhamento psicológico fornece ferramentas para as mães lidarem com os desafios emocionais da maternidade. Terapias voltadas para o autoconhecimento e a autoaceitação podem aliviar a sensação de culpa e promover uma relação mais saudável com o papel materno. 

As terapias cognitivo-comportamentais são particularmente úteis, ajudando as mães a identificarem e questionar pensamentos negativos e irracionais. Além disso, grupos de apoio e aconselhamento oferecem um ambiente seguro para compartilhar experiências e aprender umas com as outras. Essas estratégias combinadas fortalecem a resiliência emocional das mães diante dos desafios da maternidade. 

É importante reconhecer que não existe uma forma única ou “correta” de ser mãe. Cada família é um universo particular, e cada mãe deve encontrar o seu próprio caminho, livre das amarras do julgamento e da comparação. A maternidade é, acima de tudo, um aprendizado constante e um ato de amor que deve ser vivido em sua plenitude, com todas as suas imperfeições e desafios.
 
Em suma, a maternidade é uma experiência rica e complexa, repleta de nuances. Ao abraçar a imperfeição e buscar apoio quando necessário, as mães podem encontrar um caminho mais sereno e gratificante na incrível jornada de criar e educar seus filhos. 
 
Sobre Silvia Rezende:
Graduada em Pedagogia e Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Silvia possui especialização em Terapia Comportamental Cognitiva em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Silvia atua também como psicóloga colaboradora no IPQ HC FMUSP e no Programa de Psiquiatria Social e Cultural (PROSOL), um grupo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Ela é filiada à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.
 
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